Oito candidatos aumentaram patrimônio em mais de 200%

Dois candidatos à Câmara dos Deputados lideram o ranking de parlamentares potiguares que, percentualmente, ficaram mais ricos entre as eleições de 2006, 2008 e 2010. O campeão é o vereador do PV, Paulo Wagner, que ao adquirir uma residência avaliada em R$ 300 mil e um veículo Pajero (R$ 79 mil, parcelado em 36 meses) elevou o patrimônio pessoal nos últimos dois anos em 823%. O deputado federal Fábio Faria (PMN), que aparece em seguida, reajustou em quatro anos 671,2% ou sete vezes o valor dos bens que possui. Ele declarou à Justiça Eleitoral ter um patrimônio de R$ 1,9 milhão, cerca de R$ 1,6 milhão a mais do que os R$ 249,8 mil declarados quando da eleição de 2006. Outros seis parlamentares norte-riograndenses elevaram o valor dos bens em mais de 200% em um comparativo do mesmo período. As informações são do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entre os candidatos ao governo, a representante do DEM, senadora Rosalba Ciarlini, foi quem apresentou à Justiça Eleitoral o maio salto no quesito evolução patrimonial. Ela adquiriu um veículo Troller, avaliado em R$ 123,5 mil, e ampliou os recursos oriundos de conta corrente e reservas monetárias em R$ 18,9 mil, resultando, em quatro anos, um aumento no valor dos bens pessoais de 339,3%.

A outra parlamentar da bancada potiguar no Congresso Nacional que de 2006 a 2010 ascendeu o patrimônio em mais de 200% foi a deputada federal Sandra Rosado (PSB). Ela adquiriu um apartamento na capital, no valor de R$ 200 mil, e um veículo Pajero, avaliado em R$ 150 mil, o que resultou em um reajuste de R$ 236,7% do patrimônio.
Entre os deputados estaduais, a liderança entre os que traçaram um maior volume de recursos adquiridos de 2006 até este ano foi o deputado Ezequiel Ferreira de Souza (PTB), que incrementou 433,3% o seu patrimônio, após inserir junto à declaração de bens um automóvel landrover, avaliado em R$ 255 mil; um apartamento, estimado em R$ 220 mil; além de 531 rezes bovinas que custam, ao todo, R$ 398,2 mil. Os deputados Fernando Mineiro (296,2%); Gilson Moura (262,1%); e Leonardo Nogueira (230,4%), também apresentaram evolução no patrimônio pessoal.

Entre os candidatos norte-riograndenses detentores de mandatos, apenas o deputado estadual Salismar Correia, do PHS, com 89,6% negativos, e o também candidato à reeleição Ricardo Motta (PMN), com menos 2,6%, ficaram, teoricamente, mais pobres. Ao todo, o Rio Grande do Norte tem 361 candidatos na eleição estadual de 2010.
Fábio afirma que recebeu herança.

O advogado do deputado federal Fábio Faria, Erick Pereira, explicou que dois fatores colaboraram para o aumento do patrimônio do parlamentar. O primeiro deles é a herança que recebeu da avó Janete Faria, mãe do deputado estadual Robinson Faria (PMN), e que veio a falecer pouco tempo após a posse do neto no Congresso Nacional; e também o faturamento da empresa Atlética, uma academia de alto padrão de propriedade do deputado do PMN. “Ele fez um investimento na empresa, expandiu, e isso é fato conhecido inclusive aqui em Natal. Essas mudanças geraram um aumento no número de alunos, fazendo com que o faturamento se elevasse”, esclareceu o advogado.

Quanto à herança da avó paterna, Erick Pereira assinalou que o valor foi significativo e proporcional ao padrão de vida da senhora Janete Faria, cujo substancial patrimônio também é do conhecimento da sociedade potiguar. Sobre o apartamento avaliado em mais de um milhão, e localizado em uma das regiões mais nobres de Natal, Erick Pereira explicou que o imóvel ainda está sendo pago. “Quanto ao imóvel ele não está quitado. Esse valor [declarado à Justiça Eleitoral] é o de mercado, mas ele ainda está pagando há três anos ou quatro anos”, observou Erick Pereira.

Fábio Faria é filho do deputado estadual Robinson Faria, tem cinco irmãos, e é considerado um dos parlamentares da Câmara Federal mais assediado pela mídia de entretenimento. Em 2006 foi o deputado federal mais votado do estado com 220 mil votos, o que lhe rendeu a coordenação da bancada potiguar no Congresso Nacional.
Paulo Wagner destaca aumento dos rendimentos
O vereador Paulo Wagner (PV) explicou, através de sua assessoria de imprensa, que os bens declarados à Justiça Eleitoral ainda estão sendo pagos e, por isso, não podem ser elencados totalmente como sendo patrimônio pessoal. Ele disse que financiou a residência e o automóvel Pajero. Além disso, ressaltou o parlamentar municipal, três empregos – de vereador, apresentador e garoto propaganda – lhe garantiu um incremento substancial na renda. “Realmente (os bens) aumentaram bastante, conforme está declarado. Mas o vereador afirmou que quando não der para o bolso dele pode vender o patrimônio sem problema nenhum”, afirmou a assessora de imprensa. “Ele resolveu investir pagando tudo financiado”, completou.

Paulo Wagner foi o vereador mais votado de Natal, na campanha eleitoral de 2008, quando concorreu pela primeira vez a um cargo eletivo. A soma de votos foi superior a 14 mil. Ele é aliado e pessoa de confiança da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV). É apresentador licenciado de um programa policial na TV Ponta Negra, atua como garoto propaganda de uma empresa de material de construção e permanece no exercício de vereador na Câmara Municipal de Natal, onde atua como presidente da Comissão de Finanças e Fiscalização da casa. Este ano, é candidato pela coligação “Por um Rio Grande do Norte Melhor”, que tem, além do PV, o PMDB e o PR. A coligação espera eleger pelo menos três candidatos.
Parlamentares destacam que bens não estão quitados
Os parlamentares que registraram uma evolução patrimonial acima de 200%, nos últimos quatro anos, e que foram ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE, afirmaram que parte dos bens declarados à Justiça Eleitoral não estão quitados. É o caso da senadora Rosalba Ciarlini, cuja evolução nos valores dos bens pessoais se deu em virtude da compra de dois veículos. Ela explicou que, em 2006, era proprietária de apenas um carro e que agora soma três. Os dois novos automóveis, explicou a democrata, foram adquiridos após eleita para o Senado, para que pudesse viajar pelo estado. “Mas esclareço que adquiri esses novos automóveis por meio de financiamento”, assinalou.

A assessoria do deputado Leonardo Nogueira (DEM) explicou que metade do patrimônio declarado à Justiça Eleitoral não mais faz parte dos seus bens. O apartamento no bairro Tirol, avaliado em R$ 132,2 mil, foi repassado como parte da compra de um outro imóvel. O veículo Pajero, estimado em R$ 115 mil, segundo ele, foi vendido. Ezequiel Ferreira limitou-se a dizer que “o meu crescimento patrimonial está compatível com os vencimentos e dividas das minhas Declarações do Imposto de Renda protocoladas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em 2006 e este ano”; e Fernando Mineiro (PT) destacou que o patrimônio que possui é o salário de deputado, de R$ 9,3 mil, e o carro, avaliado em R$ 78 mil. “Meu patrimônio é compatível com o meu salário”, justificou. A assessoria da deputada Sandra Rosado (PSB) não enviou resposta e o deputado Gilson Moura (PV) não foi encontrado para falar sobre o assunto.

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